quarta-feira, 10 de maio de 2017

Geral

As benzodiazepinas são um grupo de fármacos ansiolíticos utilizados como sedativos, hipnóticos, relaxantes musculares, para amnésia anterógrada e atividade anticonvulsionante. A capacidade de causar depressão no SNC deste grupo de fármacos é limitada, todavia, em doses altas podem levar ao coma. Não possuem capacidade de induzir anestesia, caso utilizados isoladamente


- Indicações

As benzodiazepinas substituíram largamente os barbitúricos nas suas utilizações. Ao contrário daqueles, não têm ação depressora do centro respiratório, sendo por isso de uso mais seguro, além de terem maior especificidade sobre a sintomatologia ansiosa.
  • Ansiedade simples ou secundária
  • Insónias
  • Convulsões
  • Epilepsia: só algumas benzodiazepinas possuem propriedades antiepilética.
  • Indução da hipnose
  • Delirium tremens
  • Como adjuvante na indução da anestesia geral.
  • Em procedimentos médicos invasivos para acalmar o doente (e.g. endoscopia).
  • Como relaxante muscular.  

Mecanismo de ação

As benzodiazepinas actuam selectivamente em vias polissinápticas do SNC. Os mecanismos e os locais de acção precisos não estão ainda totalmente esclarecidos.[2] Agem sobre um subreceptor específico, o receptor das benzodiazepinas, no receptor A do GABA, um neurotransmissor inibitório do SNC.
Tornam os receptores GABA mais sensíveis à activação pelo próprio GABA (agem num subreceptor da proteína do receptor). O GABA é um neurotransmissor que abre canais de cloro, hiperpolarizando o neurónio e inibindo a geração de potencial de acção. Ou seja potencializam o efeito do GABA fisiológico no seu próprio receptor.

Efeitos úteis

Ansiolíticas e indutoras do sono . Modificam a percepção da dor e do perigo, não afetando a condução dos estímulos mas relativizando-os emocionalmente (o doente sente a dor ou perigo mas já não o incomodam).
O sono induzido pelas benzodiazepinas é mais "normal"" que o sono induzido por outros hipnóticos, como os barbitúricos. O sono REM (padrão comum de atividade cerebral reconhecível no electroencefalograma e associado à atividade onírica (sonho)), importante para a função cerebral normal, é menos afetado. O sono produzido é também de melhor qualidade.
Redução do tônus de contração muscular esquelética. Redução da rigidez muscular.

Efeitos adversos

Os efeitos colaterais mais relatados das benzodiazepinas são a sedação e o relaxamento muscular. Ainda inclui sonolência, tontura, e diminui o estado de alerta e atenção. Sedação, amnésia (perturbações da memória), dificuldades de concentração e alteração da função muscular podem afectar negativamente a capacidade de conduzir ou de utilizar máquinas. Se a duração do sono for insuficiente há maior possibilidade de a capacidade de reacção estar diminuída. Diminuição da coordenação motora pode resultar em quedas e ferimentos, particularmente em idosos. Outros efeitos incluem a diminuição da capacidade de dirigir, aumentando assim a probabilidade de acidentes de trânsito. Diminuição da líbido e problemas de ereção são efeitos colaterais comuns. Depressão e desinibição podem surgir. Hipotensão e depressão respiratória podem ocorrer com administração intravenosa. Efeitos colaterais menos comuns incluem náuseas e alterações no apetite, visão turva, confusão, euforia, despersonalização e pesadelos. Casos de toxidade no fígado foram relatados mas são muito raros.

Efeitos paradoxais

Reações paradoxais, como o aumento de crises epilépticas, agressão, violência, impulsividade, irritabilidade e comportamento suicida às vezes podem ocorrer. Essas reações podem ser explicadas como consequência da desinibição e subsequente perda de controle sobre comportamentos socialmente inaceitáveis. Efeitos paradoxais são raros na população em geral, com uma incidência menor que 1% e semelhante ao placebo. Contudo, podem acontecer com grande frequência em abusos recreacionais, em indivíduos com Transtorno de personalidade Borderline, crianças, e em pacientes com alta dosagem. Nestes grupos, problema no controle dos impulsos talvez sejam o maior factor de risco da desinibição; dificuldades de aprendizagem e desordens neurológicas são fatores de risco significativos. As maiores ocorrências observadas envolvem altas doses de benzodiazepinas de alta potência. Efeitos paradoxos podem aparecer com o uso cronico de benzodiazepinas.
Abaixo uma lista com os principais efeitos colaterais:
  • Sedação (se usado como ansiolítico)
  • Alguma euforia.
  • Amnésia
  • Indiferença e má avaliação do perigo. Tendem a responder mais a agressões por outros indivíduos.
  • Exacerbam muito os efeitos do álcool, podendo ser perigoso o seu consumo exepto em muito pequenas doses.
  • Confusão
  • Hipotermia
  • Dependência
  • Aumento da hostilidade
  • Ataxia
  • Anemia hemolítica
  • Alucinações.
  • Risco baixo de depressão respiratória ou cardiovascular em overdose, mas que é importante se tomadas concomitantemente com outros depressores do SNC, como o álcool.

Dependência

Causam dependência psicológica e física, dependente da dosagem e duração do tratamento. A dependência física estabelece-se após 6 semanas de uso, mesmo que moderado. Os problemas de dependência e abstinência/privação são comparáveis aos de outras substâncias que causam dependência, tendo-se transformado, nos países aonde há um uso mais generalizado, num problema de saúde pública, que só agora começa a ser reconhecido na sua verdadeira escala.
O uso crónico cria tolerância obrigando a aumentar a dose para obter os mesmos efeitos, razão por que actualmente é indicado sua administração de no máximo 3 semanas nos casos de menor complicação.
O seu síndrome de privação/abstinência após uso prolongado (mais de 2 meses) inicia-se alguns dias após paragem da administração, atingindo um período ainda desconhecido que pode ter uma duração de até três anos. Caracteriza-se por tremores, tonturas, ansiedade, insónias, perda do apetite, delirium tremens, delusões, suores, e por vezes convulsões ou psicoses.

História

O primeiro fármaco do grupo, clordiazepóxido, comercializado com o nome de Librium, foi sintetizado nos laboratórios da farmacêutica Roche em 1954 por Leo Sternbach. A sua descoberta foi um acidente.[3] Os seus usos possíveis foram descobertos em testes de rotina.

Alguns fármacos do grupo

Os de duração mais curta são usados mais enquanto indutores do sono, porque não têm efeitos de sonolência após acordar. Os de grande duração são mais usados como ansiolíticos.

Referências

  1. Ir para cima Goodman & Gilman. As bases farmacológicas da terapêutica. [tradução da 10. ed. original, Carla de Melo Vorsatz. et al] Rio de Janeiro: McGraw-Hill, 2005.
  2. Ir para cima [1]
  3. Ir para cima Ban, TA. (2006). «The role of serendipity in drug discovery.». Dialogues Clin Neurosci8 (3): 335–44. PMID 17117615


Wikipedia

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